Segunda Poética: Perder, Ganhar – Lya Luft
Em novembro, a Segunda Poética será dedicada a homenagear a grande escritora Lya Luft, autora cuja obra admiro profundamente. Sou fã de toda sua produção literária, que atravessa diversos gêneros — romance, conto, ensaio e poesia — e nos envolve com reflexões profundas sobre a vida e os valores humanos.
A escrita de Lya Luft mergulha nas complexidades emocionais e existenciais, levando-nos a nos leva a pensar sobre quem somos e como lidamos com os desafios emocionais e existenciais da vida.
Perder, Ganhar – Lya Luft
Com as perdas, só há um jeito:
perdê-las.
Com os ganhos,
o proveito é saborear cada um
como uma fruta boa da estação.
A vida, como um pensamento,
corre à frente dos relógios.
O ritmo das águas indica o roteiro
e me oferece um papel:
abrir o coração como uma vela
ao vento, ou pagar sempre a conta
já vencida.
(Luft, Lia. Para não dizer adeus. Rio de Janeiro. Editora Record. 2005. pág. 17.)
LYA LUFT nasceu em 15 de setembro de 1938, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. Formou-se em letras anglo-germânicas e com mestrados em Literatura Brasileira e Linguística Aplicada. Autora de diversas grandes obras, recebeu em 2013, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, com a obra O Tigre na Sombra. Trabalhou desde os 20 anos como tradutora de alemão e inglês, e já converteu para o português obras de autores consagrados, como Virginia Woolf, Günter Grass, Thomas Mann e Doris Lessing, além de ter recebido o prêmio União Latina de melhor tradução técnica e científica em 2001 pela tradução de Lete: Arte e crítica do esquecimento, de Harald Weinrich. Assinou de 2004 até 2021, a coluna Ponto de vista, da revista Veja. Faleceu em casa no dia 30 de dezembro de 2021.