Resenha: A princesa salva a si mesma neste livro – Amada Lovelace
Não é novidade que eu adoro poesia e por este motivo sempre compartilho textos aqui com vocês, mas, confesso que meu conhecimento de poesia contemporânea é algo muito vago e que preciso urgentemente ampliar.
A princesa salva a si mesma neste livro foi lançado em 2017 pela editora Leya e a curiosidade me bateu assim que vi o título, porém, acabei apenas anotando em minha lista de “livros para comprar” e infelizmente até o final de 2020, ele ainda estava lá.
Entretanto, uma grande amiga me presentou com um exemplar no último Natal e assim, pude conhecer a obra e me emocionar com os versos livres de Amanda Lovelace que espelham as lembranças e momentos importantes da vida da autora, formando uma espécie de autobiografia.
SINOPSE: A princesa salva a si mesma neste livro, de Amanda Lovelace, é comparado ao fenômeno editorial Outros jeitos de usar a boca, de Rupi Kaur, com o qual compartilha a linguagem direta, em forma de poesia, e a temática contemporânea. É um livro sobre resiliência e, sobretudo, sobre a possibilidade de escrevermos nossos próprios finais felizes. Não à toa A princesa salva a si mesma neste livro ganhou o prêmio Goodreads Choice Award de melhor leitura do ano de 2016, escolha do público. Esta é uma obra sobre amor, perda, sofrimento, redenção, empoderamento e inspiração. Dividido em quatro partes (“A princesa”, “A donzela”, “A rainha” e “Você”), o livro combina o imaginário dos contos de fada à realidade feminina do século XXI com delicadeza, emoção e contundência. Amanda, aclamada como uma das principais vozes de sua geração, constrói uma narrativa poética de tons íntimos e cotidianos que acolhe o leitor a cada verso, tornando-o cúmplice e participante do que está sendo dito. Acessível e de fácil compreensão, seu A princesa salva a si mesma neste livro vai tocar os corações até mesmo de quem não gosta ou não tem o hábito de ler poesia, pois aborda sentimentos comuns a qualquer ser humano, principalmente às mulheres.
Emocionante e impactante! Provavelmente é quase impossível, uma mulher não pensar nestes dois adjetivos após concluir a leitura deste livro. Apesar de possuirmos histórias de vida distintas, me identifiquei com vários textos e emoções expostas através de palavras que derramam vida: com suas alegrias e principalmente tristezas, mas principalmente com o grande aprendizado de que devemos aprender a acreditar em nós mesmas.
Através de alusões aos contos de fadas, a autora representa o universo feminino e compartilha com os leitores passagens de sua vida dividindo a obra em quatro partes: “A princesa”, “A donzela”, “A rainha” e por fim (“Você”).
Em ” A princesa”, vemos as dificuldades do relacionamento conturbado que a autora teve com a mãe, a qual abusava de álcool e atuou de forma abusiva emocionalmente na vida da filha, causando-lhe traumas de auto imagem e insegurança.
se é uma casa | não é | automaticamente |um lar, | então um corpo | também | não é |automaticamente | um lar.
– sempre me senti uma estranha na minha | própria pele
(página 47)
Na parte “A donzela” a autora compartilha com os leitores suas desilusões amorosas e o quanto estas aumentaram seus traumas e dificuldades de aceitação do próprio corpo. Aqui ela divide conosco também, a doença e o posterior falecimento da mãe, bem como de sua irmã e o complexo e triste processo do luto.
num enterro:
lágrimas de dor | por uma vida que se foi | muito jovem, | muito cedo… | uma tragédia.noutro:
lágrimas de alivio | por um sofrimento | que durou | tempo demais… | misericórdia.– & no entanto ambas me deixaram vazia.
(página 89)
“A rainha” retrata ainda alguns sofrimentos da autora, mas o foco é na presença de um lindo amor que a invade e faz acreditar na existência de um relacionamento amoroso feliz e sincero.
de algum modo, |minha alma |conhecia |a sua alma |antes que | tivéssemos tido |a chance | de nos encontrar.
-foi como voltar para casa depois de um dia | muito, muito longo.
(página 129)
Por fim em “Você”, Amanda Lovelace apresenta várias reflexões importantes e extremamente relevantes sobre temas como: a forma que tratamos outros seres humanos e também somos tratados; as cobranças que a sociedade nos faz e impõe pelo simples fato de sermos mulheres; a arte da gentileza e da empatia; as variadas formas de amor, auto aceitação e principalmente o amor próprio.
sua felicidade | vem antes | da felicidade | de qualquer pessoa.
-o significado verdadeiro de “respeito por si mesma”.
(página 193)
A princesa salva a si mesma neste livro é uma grande jornada que faz os leitores sofrerem junto com a autora. Reli vários trechos e me encontrei em inúmeras passagens, parecia que alguns textos foram escritos para mim, ou através de mim, talvez por isso me marcou e emocionou tanto. É uma obra que com certeza deve ser lida e revisitada ao longo de nossas vidas. Meus sinceros parabéns a Amanda Lovelace pela coragem em desnudar sua alma e sentimentos através das palavras e compartilhar com todos aqueles que estiverem dispostos a lerem seus livros.
AMANDA LOVELACE é devoradora de palavras e leitora ávida e apaixonada de contos de fadas desde a infância, era natural que Amanda Lovelace começasse a escrever seus próprios livros. E foi o que ela fez. Quando não está lendo ou escrevendo, pode ser encontrada aguardando seu café com especiarias para voltar à maratona de temporadas de Gilmore Girls. Poeta vitalícia e atual contadora de histórias, mora em Nova Jersey com o noivo, seu gato temperamental e uma coleção de livros tão grande que em breve precisará de uma casa só para ela. Bacharel em literatura inglesa, cursou também sociologia. A princesa salva a si mesma neste livro é sua estreia na poesia e o primeiro livro da série “Women Are Some Kind of Magic”. Seu site oficial é www.amandalovelace.com, mas Amanda também pode ser encontrada como ladybookmad no Twitter, Instagram e Tumblr (ainda não descobriu como funciona o Snapchat).
1 Comments
Gabrielle
3 de outubro de 2024 at 12:38
Não acho que a autora correspondeu ao título que colocou nesse livro. A princesa não se salvou sozinha.
Ela se destruiu e se destruiu e se destruiu até que no último capítulo começou a falar sobre o amor ao parceiro.
Ou seja, ela só sobreviveu até o príncipe mudar a forma como ela via a própria dor.
Não digo que deixou a desejar, pois ela expressou a dor dela que com certeza foi forte e triste, mas em nenhum momento eu vislumbrei “onde” ela se salvou. Só sobreviveu uma luta interna, pesada e que só foi dar um ar de alívio (pela escrita) quando ela começou a ver o parceiro dela como algum apoio (o que também é legítimo e bonito).
O título não se enquadra com a história.