Resenha: Dias de Sol – Antologia da Peculiar Editora
A antologia Dias de Sol é mais um lançamento da Peculiar Editora e possui um tema bem diferente das que recentemente compartilhei aqui com vocês. Cativante e surpreendente, são os adjetivos que melhor definem meus momentos de leitura deste livro.
Dias de Sol de cara me atraiu pelo seu belíssimo trabalho gráfico, principalmente a capa. Não costumo julgar um livro apenas por este aspecto, a sinopse possui um peso muito grande nas escolhas que faço e confesso que este livro não me agarrou pela sinopse. Minha impressão é de que talvez não seria uma leitura interessante, porém, me enganei totalmente! Ao virar cada página, sentia uma reconfortante sensação de que a intensa energia do sol presente nos contos, iluminou todo meu ser e aqueceu meu coração. Foi uma leitura adorável em vários aspectos!
SINOPSE:
Sabe aquele dia inesquecível? Aquele que nunca saiu da sua memória?
Apenas um dia pode parecer pouco, mas para quem viveu pode se transformar em algo especial, seja uma aventura com amigos, um passeio de férias ou até mesmo um amor impossível de esquecer.
Dias de Sol traz histórias de pessoas que tiveram apenas 24 horas para desfrutar deste memorável dia de verão.
Sirva-se de um drink bem gelado e venha aproveitar a estação mais quente do ano. Quem sabe você também não pode viver uma aventura?!
” Eu queria que a energia do sol desse dia de verão entrasse em mim com toda a força da natureza e me preenchesse com a coragem que preciso para tomar a decisão correta! (trecho do conto “A Energia do Sol” de Simone Mota Almeida – pág. 13)
Alguns textos são praticamente poéticos, como por exemplo o trecho a seguir, que quase me fez sentir o gosto do café e enxergar o voo dos pássaros:
“O amor transformado em poesia e café quentinho pela madrugada, as janelas que abrem e fecham todos os dias à mesma hora, o regar das plantas, as tardes de quinta-feira destinadas para as leituras incontáveis que permitiam alçar longínquos voos, como um passarinho no mais ímpeto de liberdade. ” (trecho do conto Transmutação Poética de Verão de Gerda Cristina – pág. 117)
A seguir menciono meus contos preferidos. Gostaria de falar de todos, mas ai seriam muitos spoilers e o mais interessante é ler o livro que é muito bom!
“A Energia do Sol” de Simone Mota Almeida: uma jovem noiva se prepara para seu grande dia e reflete se realmente está tomando a decisão correta sobre o amor de sua vida.
“A Bicicleta” de Ana Mendes: uma jovem que possui um grande carinho por sua bicicleta já antiga e muito usada, um elo de ligação emotivo com suas lembranças principalmente da mãe. Ao ter o objeto furtado, tal acontecimento ruim lhe conduz a algo muito importante.
Neste conto é interessante mencionar também, que a autora é luso-angolana o que é perceptível na forma singular com a qual escreve. Entretanto, tal característica em nada atrapalha a compreensão de seu texto, mas sim lhe confere um certo charme.
“Naquele Verão” de Nih Ramos: uma adolescente descobre em um dia de verão e de forma bastante despretensiosa, o talento que a guiaria pelo resto de sua vida.
“Em dias de Sol, me encontre na sombra” de Renata da Costa: com uma abordagem que parece uma carta ao leitor, o conto aborda de forma bela e sutil, os sentimentos e peculiaridades de uma autista durante um dia de sol.
“Meu amigo de Verão” de D. Cardoso: em um passeio na praia, um adolescente “encontra” seu melhor amigo para toda a eternidade. parece um enredo bem simples, mas o final é bem inesperado e me deixou de queixo caído, rompendo com todas as teorias que fui criando ao longo da leitura.
“Aquele Dia na Praia das Dunas” de Tamires Romano: uma neta é encorajada pela avó a se abrir para um possível amor. O conto é uma doce homenagem da autora para sua avó que infelizmente faleceu de Covid-19 em 2020.
“Transmutação Poética de Verão” de Gerda Cristina: como o próprio título diz é um conto que através da arte das palavras, descreve de forma totalmente poética um dia simples e maravilhoso de verão.
“Não amava ninguém e ninguém a amava. Sua vida era só sua e das palavras. Finalmente livre do peso da vida monótona que agora era capaz de encher com ressignificados.” (pág. 119)
“A cor da paz é azul” de Priscila Santos: mais extenso que os outros contos, a narrativa é feita pelo ponto de vista de duas personagens diferentes Vinícius e Lívia, que possuem opiniões e sentimentos diversos sobre o último dia do ano. Apesar de serem estranhos um para o outro, suas vidas colidem em um belo dia de sol na praia.
Antologia organizado por:
Nih Ramos e Rafael Porfirio
Autores Participantes:
Ana Mendes, D. Cardoso, Denise Lopes Trindade, Gerda Cristina, Isa Alvino, Kaline Rainha, Lis Prunty, Maria Moncorvo, Marina Guerra, NB. Brun, Priscila Santos, Rani Gouveia, Renata da Costa, Simone Mota Almeida, Tamires Romano, Vanessa Souza
