Citações do livro: A ilha e o espelho – Fausto Panicacci

Idianara Lira

A ilha e o espelho é um livro que, assim como outras obras do autor Fausto Panicacci , desperta as mais diversas reflexões sobre o comportamento humano e por este motivo não pode ser lido desenfreadamente, é necessário saborear cada palavra e absorver todos os sentimentos que elas nos trazem. Uma leitura que quase funciona como uma consulta ao terapeuta.

SINOPSE:
Mandado para Cambridge a trabalho, um brasileiro é subitamente convidado para se juntar a um eclético grupo de amigos, capitaneado por um fotógrafo correspondente de guerra com o qual guarda surpreendente semelhança física. O grupo inclui uma psicóloga frustrada, um erudito que fala por aforismos, uma executiva que toca violino e um universitário acusado de plágio.

Paralelamente aos dilemas, às aventuras e ao triângulo amoroso que consomem o protagonista, a atmosfera de sabedoria da cidade é perturbada por atos de violência noturna, cuja autoria é um mistério.

Dialogando com variados ramos da arte, A ilha e o espelho entrelaça memória, empatia, ganância e culpa diante de questões como violência contra a mulher, identidade cultural, xenofobia, meio ambiente e destino dos refugiados. Uma inspiradora história com reflexões sobre o valor da amizade, a multiplicidade de olhares e a dignidade da vida humana.


CITAÇÕES:

“Era um daqueles singelos momentos que nos permitem edificar o destino; momentos em que, na solidão de um quarto, de um banco de praça, de uma estação de trem, na solidão acompanhada ou desacompanhada, aflitiva ou entusiasmada, percebemos que algo precisa acontecer; algo que nos leve à comunhão com O Outro, ao pulsar das experiências, das conquistas, das alegrias – e das dores, das derrotas, das cicatrizes; algo que nos faça querer ser, genuinamente, Humanos – com todas as contradições que essa palavra arrasta. “ (pág. 10)



“Lily… Vivemos essa ilusão de que o tempo passa em ponteiros de relógio, como se fosse uma corredeira arrancando seixos às margens ou uma locomotiva que contabiliza os dormentes deixados para trás. Mas somos nós – e não o tempo – a água que corre entre as pedras; somos nós a composição que se despede das estações.” (pág. 22)



“Mas é como enfrentamos, destemidos, essa indômita aventura que é a vida – raramente estúpida, por vezes triste, frequentemente insólita, mas sempre surpreendente. “ (pág. 30)



“Sentia-me pequeno entre eles, e isso era bom: era como se eu estivesse no aconchego de um círculo de irmãos e irmãs mais velhos, mais sábios, mais dignos, cada qual extraindo do outro genuínas pétalas – as mais vistosas que tivéssemos. Há uma razão para isso: as vivências com amigos são uma das poucas formas de aplacar a solidão que nos rege.” (pág. 41 e 42)



“São espíritos como aquele, de atributos raros e admiráveis, os que abraçam a vida em sua integralidade, abraçam a realidade, numa renúncia a toda espécie de egoísmo, escapismo ou lassidão. “ (pág. 60)



“E é assim, num lampejo, que nos confrontamos com o amor: um momento, e já não estamos sozinhos; um descuido, e somos cativados; um aceno, e o coração serena no universo de possibilidades.” (pág. 63)

“Eu queria saber o que ela pensava, que sentimentos carregava, se tinha inquietações, e naquele momento invejei os escritores de ficção, que podem perscrutar a mente de seus personagens e desenhar suas expressões.” (pág. 87)



“Há memórias etéreas que pesam mais na existência que todo um porão atulhado de papéis.” (pág. 95)



“Às vezes, confrontados com algo maior que nós, com aquelas verdades inacessíveis e, mesmo se resvaladas, inconfessáveis, apequenamo-nos não por humildade, mas pelo próprio receio de enxergar o quão pequenos somos. E assim ficamos entorpecidos ante os contrastes da existência.” (pág. 114)



“ O espírito humano só se realiza nos desafios: vivendo o paradoxo de dispor de apenas uma vida enquanto almeja muitas, encontra-se fraturado entre o que se é e o que se poderia ser, e apenas na aventura alcança a plenitude. “ (pág. 122)



“… o tempo ao qual por teimosia tentamos escapar, incrédulos da ideia de fim.” (pág. 137)



“Quando crianças, disseram-nos que o que nos diferencia dos animais é nossa racionalidade e capacidade de amar. Mentiram para nós: o que nos diferencia dos animais é nossa propensão a sermos apenas racionais e, com isso, nos entregarmos à crueldade.” (pág. 151)

FAUSTO LUCIANO PANICACCI nasceu em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. Já morou em Cambridge (Inglaterra) e fez seu doutorado em Ciências Jurídicas na Universidade do Minho (Portugal), além de ser formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Sua paixão pela arte e literatura o levou a estudar Fotografia, História do Cinema e História da Arte. Atualmente, é promotor de Justiça e escritor com três obras publicadas, entre elas O silêncio dos livros, que alcançou a lista de mais vendidos na Espanha e no Brasil. 

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