Resenha: A Biblioteca da Meia-Noite – Matt Haig

Idianara Lira

“– Entre a vida e a morte, há uma biblioteca – disse ela. – E, dentro dessa biblioteca, as prateleiras não tem fim. Cada livro oferece uma oportunidade de experimentar outra vida que você poderia ter vivido. De ver como as coisas seriam se tivesse feito outras escolhas… Você teria feito algo diferente, se houvesse a chance de desfazer tudo do que se arrepende?” (pág. 41)

Quem nunca se arrependeu de algo que fez ou deixou de fazer? Provavelmente a grande maioria dos seres humanos já sofreu com o “e se” eu tivesse feito diferente? Talvez estudado a segunda opção de faculdade, escolhido aquele outro emprego, morado em outro local? Nossas decisões podem nos conduzir aos mais diversos destinos, os quais nunca teremos tempo para vivenciar.

Fato é que em algum momento, talvez no passado, presente ou futuro, a dúvida do “e se” pode nos atingir e trazer questionamentos capazes de desequilibrar toda nossa vida, principalmente se não estivermos satisfeitos com esta. É em meio a este conflito, que a personagem principal do livro se encontra em suas primeiras páginas, que foram capazes de me despertar a curiosidade imediata pelo livro A Biblioteca da Meia-Noite do autor Matt Haig

SINOPSE:
Aos 35 anos, Nora Seed é uma mulher cheia de talentos e poucas conquistas. Arrependida das escolhas que fez no passado, ela vive se perguntando o que poderia ter acontecido caso tivesse vivido de maneira diferente. Após ser demitida e seu gato ser atropelado, Nora vê pouco sentido em sua existência e decide colocar um ponto final em tudo. Porém, quando se vê na Biblioteca da Meia-Noite, Nora ganha uma oportunidade única de viver todas as vidas que poderia ter vivido.

Neste lugar entre a vida e a morte, e graças à ajuda de uma velha amiga, Nora pode, finalmente, se mudar para a Austrália, reatar relacionamentos antigos – ou começar outros -, ser uma estrela do rock, uma glaciologista, uma nadadora olímpica… enfim, as opções são infinitas. Mas será que alguma dessas outras vidas é realmente melhor do que a que ela já tem?

Em A Biblioteca da Meia-Noite, Nora Seed se vê exatamente na situação pela qual todos gostaríamos de poder passar: voltar no tempo e desfazer algo de que nos arrependemos. Diante dessa possibilidade, Nora faz um mergulho interior viajando pelos livros da Biblioteca da Meia-Noite até entender o que é verdadeiramente importante na vida e o que faz, de fato, com que ela valha a pena ser vivida.

Antes de prosseguir com a resenha, considero importante mencionar que o livro possui gatilhos muito impactantes sobre depressão e suicídio, então se você está enfrentando algum destes problemas, talvez esta não seja uma leitura indicada neste momento. Entretanto, nota-se que o autor com muita sensibilidade, tenta conduzir o leitor a perceber o quanto a vida é repleta de infinitas possibilidades e variadas formas de felicidade. Porém, a  maior lição é de que muitas vezes não valorizamos o simples fato de que VIVER é uma dádiva.

“Quer dizer, as coisas seriam bem mais fáceis se a gente entendesse que não existe um certo modo de viver que nos torne imunes à tristeza. E que a Tristeza é parte intrínseca do tecido da felicidade. Não dá pra ter uma sem a outra. Obviamente, elas vêm em diferentes graus e doses. Mas não há uma vida sequem em que a pessoa possa existir num estado permanente de felicidade absoluta. E imaginar que existe uma vida assim só acrescenta mais infelicidade á nossa vida.” (pág. 193/194)

Durante a leitura de A Biblioteca da Meia-noite, foi impossível não lembrar da frase do famoso autor George R. R. Martin: ” Um leitor vive mil vidas antes de morrer. O homem que nunca lê vive apenas uma.” Esta correlação me ocorreu, porque no livro quando Nora Seed está entre a vida e a morte, ela é conduzida a biblioteca onde todas suas outras existências estão disponíveis para serem vividas, o que faz com ela vá em uma jornada em busca da vida “perfeita”. 

“Há vidas em que você toma diferentes decisões. E essas decisões levam a resultados distintos. Se tivesse feito apenas uma coisa de maneira diferente, você teria uma história de vida diferente. E todas existem na Biblioteca da Meia-Noite. Todas são tão reais quanto esta vida.” (pág. 43)

Matt Haig é natural de Sheffield, em Inglaterra, e começou a sua carreira como jornalista, tendo colaborado com conceituadas publicações britânicas. Iniciou-se na escrita de ficção em 2004 e, desde então, nunca mais parou, sendo atualmente um autor bestseller internacional de obras para adultos e para o público mais jovem, com livros publicados em mais de 30 idiomas. Considerado pelo The New York Times como um romancista de grande talento, apresenta-nos histórias que muitas vezes fundem a realidade com a fantasia, oferecendo-nos uma escrita que o The Guardian descreve como sendo deliciosamente estranha. 

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