Resenha: A família perfeita – Lisa Jewell

Idianara Lira

Sabe aquela leitura que inicialmente é um pouco lenta mas depois você não consegue mais largar? Que a cada mistério desvendado outro maior aparece, a ponto de sua curiosidade atingir o ponto máximo e não te deixar dormir? A família perfeita é exatamente este tipo de leitura, um livro capaz de me prender do início ao fim.

SINOPSE:
Logo após seu vigésimo quinto aniversário, Libby Jones chega em casa e encontra a carta que esperou por toda a sua vida. Ao abri-la, a jovem tem apenas uma coisa em mente: enfim vai saber quem ela é.

Em pouco tempo, Libby descobre não apenas quem são seus pais biológicos, mas também que é a única herdeira de uma mansão abandonada que vale milhões. Tudo na sua vida está prestes a mudar, mas o que ela não sabe é que outras pessoas também estavam aguardando esse dia — e que seu destino está prestes a colidir com o delas.

Vinte e cinco anos antes, a polícia foi ao casarão após receber o chamado de que havia um bebê chorando. Quando chegaram, os policiais encontraram uma menininha de dez meses, saudável, balbuciando alegremente em seu berço. Na cozinha, porém, jaziam três cadáveres em decomposição, todos vestidos de preto, ao lado de um bilhete rabiscado às pressas.

A família perfeita acompanha a história de uma casa com um passado sinistro, em que o leitor vai em busca da verdade por trás de circunstâncias bizarras que se agravam a cada página.

Narrado a partir da visão de personagens diferentes que mesclam passado e presente, o livro conduz o leitor por uma intrincada teia enigmática de suspense, na qual vidas se entrelaçam e em vários momentos não sabemos quem realmente é sincero, além da carga dramática que nos atinge de forma assustadora.

“Libby para e pensa em todos os outros mistérios revelados pela reportagem: as crianças que fugiram da casa, a pessoa que ficou para cuidar dela. Pensa nos rabiscos nas paredes e na tira de tecido pendurada no radiador, nos arranhões entalhados nas paredes, no bilhete estranho deixado pelos pais, nas rosas azuis pintadas no berço, nas folhas de papel arrancadas das paredes, nas manchas de sangue e nas fechaduras do lado de fora dos quartos das crianças.” (pág.78)

Mas, apesar de todos estes atrativos, é importante mencionar que o livro apresenta temas pesados (violência doméstica, abuso sexual, abandono, pedofilia, entre outros) que podem funcionar como gatilhos emocionais, além de serem abordados de uma forma que muito me desagradou. Entendo que tais situações descritas no livro, são retratos terríveis do que é a violência sexual em suas variadas formas, mas discordo de algumas ações e desfechos  que a autora deu para as personagens que viveram estas situações abomináveis.

Acompanhar o passado da “família perfeita”, Lamb, que também é a biológica de Libby, para mim é o ponto alto do livro, pois, toda a trajetória da família até sua decadência em vários sentidos, são os aspectos que ecoarão de forma traumática na vida daqueles que fizeram parte dela, entretanto, é difícil aceitar a ingenuidade de alguns de seus integrantes, que depois se transforma em fanatismo religioso e apego emocional, culminando em um final trágico e repleto de reviravoltas que deixa espaço para uma continuação. Enfim, apesar de todos esses aspectos negativos, foi uma leitura que muito interessante que me prendeu totalmente.

“Tudo aconteceu tão devagar e, no entanto, tão extraordinariamente depressa: a mudança em nossos pais, em nossa casa, em nossa vida, depois que eles chegaram. Mas naquela primeira noite, quando Birdie apareceu na nossa porta com duas malas grandes e um gato numa caixa de vime, não podíamos imaginar o impacto que ela teria, as outras pessoas que ela traria para a nossa vida, e como seria o desfecho de tudo.” (pág. 25)


LISA JEWELL
é autora de dezenove livros e já teve suas obras traduzidas para mais de vinte e cinco idiomas, ultrapassando a marca de cinco milhões de exemplares vendidos. 

A família perfeita é seu primeiro título publicado pela Intrínseca.

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