Resenha: Coraline – Neil Gaiman

Meu primeiro contato com Coraline foi em 2009 através do filme Coraline e o Mundo Secreto feito em stop-motion (um trabalho impecável dirigido por Henry Selick), o qual já assisti inúmeras vezes e sempre é uma experiência incrível.

Na época ao descobrir que o filme era baseado no livro homônimo de Neil Gaiman, fiquei muito curiosa em ler a obra porém, não comprei pois, não gosto da capa e do acabamento gráfico lançado pela Rocco em 2003, que era a que tinha disponível no mercado literário naquele período.

Então, quando vi a belíssima edição em capa dura, ilustrada, com corte dianteiro e fitilho roxos que a editora Intrínseca iria lançar em junho deste ano (mês do meu aniversário), fiquei apaixonada e mais feliz ainda, quando ganhei o livro de presente da minha irmã.

Sinopse:

Certas portas não devem ser abertas. E Coraline descobre isso pouco tempo depois de chegar com os pais à sua nova casa, um apartamento em um casarão antigo ocupado por vizinhos excêntricos e envolto por uma névoa insistente, um mundo de estranhezas e magia, o tipo de universo que apenas Neil Gaiman pode criar.

Ao abrir uma porta misteriosa na sala de casa, a menina se depara com um lugar macabro e fascinante. Ali, naquele outro mundo, seus outros pais são criaturas muito pálidas, com botões negros no lugar dos olhos, sempre dispostos a lhe dar atenção, fazer suas comidas preferidas e mostrar os brinquedos mais divertidos. Coraline enfim se sente… em casa. Mas essa sensação logo desaparece, quando ela descobre que o lugar guarda mistérios e perigos, e a menina se dá conta de que voltar para sua verdadeira casa vai ser muito mais difícil ― e assustador ― do que imaginava.

Publicado pela primeira vez em 2002, Coraline foi o primeiro livro de Neil Gaiman para o público infantojuvenil e se tornou uma das obras mais emblemáticas do escritor. Nesta edição especial em capa dura, com introdução do autor e projeto gráfico exclusivo, coube ao renomado ilustrador Chris Riddell dar vida ao universo mágico e aterrorizante criado por Neil Gaiman.

Impossível não começar falando do acabamento gráfico do livro que é perfeito! Além das características que mencionei antes, outras que se destacam vão desde a capa com sua belíssima ilustração e paleta de cores, fontes escolhidas para esta e as divisões dos capítulos, passando pelo tipo de papel interno que é o pólen de 80g, poroso e amarelado, até as incríveis ilustrações feitas por Chris Riddell, ilustrador e cartunista aclamado, que ao longo de sua carreira ganhou inúmeros prêmios e já trabalhou com Neil Gaiman em outras obras, talvez por este motivo, é nítido como Riddell conseguiu captar a beleza e o horror existente na obra.

A introdução escrita pelo autor é instigante e apresenta várias curiosidades sobre as inspirações dele para a criação do livro, porém o que mais me chamou a atenção, foi o que ele queria alcançar com Coraline:

“Eu queria escrever uma história para minhas filhas que contasse algo que eu gostaria de ter sabido quando era garoto: ser corajoso não significa não ter medo. Ser corajoso significa estar com medo, muito medo, mas mesmo assim fazer o que é certo.

Assim, acompanhamos a corajosa Coraline em suas aventuras e explorações, repletas de mistério e em vários momentos, desfechos obscuros e assustadores. É possível encontrar vários ensinamentos na narrativa, que vão desde: tentar ser destemido; valorizar e amar nossa família; não confiar em qualquer pessoa (mesmo que esta aparente ser boa); tratar com respeito e carinho os animais e, como dizia Dorothy em O Mágico de OZ, “Não há lugar como o nosso lar”.

Apesar de ser voltado para o público infantojuvenil, a obra com certeza agradará todos os leitores, que se permitirem adentrar o universo mágico criado por Neil Gaiman e a visão de mundo da esperta e curiosa Coraline.

” Coraline tentou entender por que os adultos quase nunca falavam algo que fizesse sentido. Às vezes ela se perguntava com quem eles achavam que estavam conversando.”

“Devido à neblina, o mundo ficava meio fantasmagórico. Perigo?, pensou com seus botões. Parecia emocionante. Não parecia nada ruim. Não mesmo.”

Enfim, o livro não é apenas uma história assustadora sobre uma menina corajosa, ele também retrata que devemos valorizar tudo que temos em nossa vida, e nos esforçar para alcançar aquilo que desejamos: