Resenha de série – Dark: poderíamos escapar de nosso destino?

Idianara Lira

“O homem é livre para fazer o que quer, mas não para querer o que quer. ” (Arthur Schopenhauer)

Lançada em 2017 pela Netflix, a série alemã Dark despertou a curiosidade entre seus expectadores desde sua primeira temporada e várias teorias foram construídas ao longo dos episódios, sobre os inúmeros mistérios que cercam a sombria cidade fictícia de Winden. A série teve seu desfecho concluído com a 3.ª temporada em junho de 2020, porém, só recentemente eu terminei de assisti-la e precisei rever a 1.ª e 2.ª temporada devido a complexidade da narrativa e o que posso dizer é: que série magnifica!

SINOPSE:
Quatro diferentes famílias – Kahnwald, Nielsen, Doppler e Tiedemann – vivem em Winden, uma pequena e aparentemente tranquila cidade alemã. A rotina dos moradores vira de cabeça para baixo quando duas crianças desaparecem misteriosamente, nas proximidades de uma antiga usina nuclear. Segredos familiares começam a emergir à medida que a polícia investiga os sumiços e logo percebe uma relação com eventos também sombrios do passado. O tempo e o espaço parecem se embaralhar cada vez mais, deflagrando uma série de tragédias que, curiosamente, se repete a cada geração. (Fonte: Site Adoro Cinema)

Dark é uma série bastante enigmática, que tem um roteiro bem construído e amarrado. Quando assisti a primeira temporada em 2018 (tem resenha aqui) fiquei impressionada com sua qualidade em vários aspectos: fotografia, trilha sonora, ambientação e a atuação do elenco. Me encantei com a série e isso fez com que o desejo por um bom final me consumisse, uma vez que, infelizmente várias séries da Netflix começam super bem e terminam de forma desastrosa. Entretanto, este não é o caso de Dark, a narrativa foi concluída com maestria, de forma inteligente, criativa e surpreendente. Falar de Dark é uma tarefa bem difícil e sem dar spoilers, considero impossível, mas tentarei contar o mínimo possível.

Como citado na sinopse, o ponto de partida da serie é o desaparecimento de duas crianças, sendo uma delas, o filho mais novo do policial Ulrich Nielsen, o qual tem um irmão que desapareceu 33 anos antes. Com a ajuda da chefe de polícia Charlotte Doppler, eles passam a investigar os desaparecimentos. Além destes fatos, a primeira temporada que começa em 2019, acompanha também  o adolescente Jonas Kahnwald, que precisa lidar com o suicídio de seu pai, acontecimento que desencadeia vários mistérios e entrelaça a vida de outras personagens repletas de segredos.

Como se todos estes acontecimentos incomuns não fossem o suficiente, existe ainda uma usina nuclear que funciona a quase 60 anos e é administrada pela família Tiedemann. Esta usina parece ter relação com os acontecimentos estranhos de Winden, inclusive são em suas cavernas que ocorrem as viagens no tempo que nos conduzem aos anos de 1986 e 1953, períodos que mostram o  passado e alguns segredos das famílias Kahnwald, Nielsen, Doppler e Tiedemann.

A segunda temporada, mostra a busca pelas pessoas desaparecidas (que não são apenas os 2 garotos) e mais  viagens no tempo ocorrem desta vez incluindo os anos de  1921, 1987, 1954, 2020 e 2053. O que pode deixar qualquer expectador aturdido, afinal se você piscar os olhos, é capaz de não entender quase nada da história. Outros mistérios são apresentados como uma sociedade secreta intitulada Sic Mundus, que também está envolvida com as viagens no tempo e quer criar um mundo sem regras cronológicas e como se tudo isso não bastasse, um evento apocalíptico irá acontecer em Winden no ano de 2020.

A terceira e última temporada acompanha a jornada e os percalços enfrentados pelas famílias Kahnwald, Nielsen, Doppler e Tiedemann ao longo das viagens no tempo e a caminhada de todos para o apocalipse em 2020. Além destes acontecimentos labirínticos da narrativa, um mundo paralelo surge e assim, os personagens de cada universo, lutam para alcançar o desfecho que julgam ser o correto para todos e tentam encontrar uma saída para o ciclo de acontecimentos repetitivos que conduzem os dois mundos para um ciclo de tragédias intermináveis.

“Se soubéssemos como as coisas terminam… aonde nossa jornada nos leva…ainda assim tomaríamos as mesmas decisões? Ou seguiríamos por outro caminho? Poderíamos escapar de nosso destino? Ou será que o que está dentro de nós nos levaria ao mesmo fim, como uma mão invisível?” (Dark – 3.ª temporada)

Capaz de superar todas as minhas expectativas e entregar um final que em nenhum momento eu desconfiei que seria aquele, Dark é extremamente criativa e capaz de dar um nó não apenas na vida de suas personagens, mas também na cabeça de seus expectadores que precisam prestar muita atenção a cada detalhe do que é exibido, pois, além das viagens temporais, os personagens interagem e aparecem junto com seus “eus” do passado, presente e futuro em uma mesma cena.

Agora não pensem que entreguei todos os tesouros da série, pois vários enigmas importantes e vilões eu não expus em minha resenha. Por exemplo, não vou explicar porque Claudia Tiedmann, a diretora da usina nuclear, no fim se torna minha personagem preferida, para isso vocês terão que assistir a série, pois:   

“O que sabemos é uma gota. O que não sabemos é um oceano.” (Dark – 3.ª temporada)

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