Resenha de série: Ratched da Netflix, não me encantou…

Idianara Lira

Estava com muita expectativa em assistir Ratched e contei os dias para seu lançamento, porém, infelizmente a série não me agradou como eu esperava. Nem as belas atuações de Sarah Paulson como Mildred Ratched e Judy Daves, como a enfermeira chefe Betsy Bucket e seus trejeitos peculiares, conseguiram me encantar.

Sinopse: em 1947 , Mildred Ratched chega ao norte da Califórnia procurando emprego em um hospital psiquiátrico que faz experimentos perturbadores com a mente humana e se apresenta como uma funcionária perfeita e dedicada, mas, à medida que se infiltra no sistema psiquiátrico em uma missão clandestina, o exterior impecável de Mildred começa a exibir uma crueldade latente, revelando que os verdadeiros monstros não nascem assim: eles são criados.

Quando vi o trailer a primeira impressão que tive, foi de que o roteiro da série seria bastante assustador e repleta de violência. Entretanto, não encontrei a dose de terror que eu esperava e muitas cenas de violência não me causaram quase nenhum impacto, pois foram “jogadas” na tela sem a tensão que conduz o telespectador ao horror e ao asco, quando presenciam cenas de agressividade e morte. Talvez a intenção do diretor era de causar surpresa em alguns momentos, mas para mim, trouxe apenas a sensação de “que desnecessário”, sem falar que após metade da série ela praticamente apresenta nada de terror.

Outra grande expectativa que criei, estava em acompanhar os pacientes com problemas psiquiátricos e os inúmeros abusos sofridos por estes durante seus tratamentos, mas, Ratched pouco aborda este contexto e apresenta escassos casos de pacientes, sendo que alguns nem possuíam problemas mentais. Nem mesmo a exemplificação da lobotomia como opção de tratamento utilizada para problemas distintos, conseguiu alçar a série para um conteúdo que a tornaria mais aterrorizante.

Jogos de manipulação e intrigas, acabam se tornando os pontos mais presentes no roteiro e assim, a partir do quarto episódio o verdadeiro intuito que conduzira Mildred Ratched a se infiltrar no Hospital Psiquiátrico de Lucia, fica quase em segundo plano. Aliás, grande decepção também tive com a personagem de Mildred, uma vez que no trailer ela parecia ser fria e calculista, uma espécie de sociopata com prazer em vivenciar o sofrimento humano e sem limites para alcançar seus objetivos, mas para minha surpresa, em vários momentos ela se mostra detentora de empatia, capaz de realizar bons feitos e bastante emotiva, as vezes até chorona demais. Apesar de ser extremamente inteligente e bastante manipuladora, eu desejava muito ver uma Mildred Ratched altiva, arrogante, egoísta e indolente.

Sinto que fui conduzida por caminhos bem diferentes daqueles que imaginei que trilharia, quando assisti ao trailer de Ratched. Será que interpretei o trailer de forma errada ou o material publicitário passou uma visão distorcida? Não sei bem ao certo…

Enfim, mesmo a série possuindo uma linda fotografia com interessantes transições de cores, belos figurinos e carros de época, além de boas atuações, seu roteiro é fraco e parece por vezes perder-se em boas ideias mas que juntas conduzem seus personagens a lugar algum.

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