Resenha: Marcas do Passado – H.R. Freitas

Idianara Lira

“Somos seres humanos humanos cada vez mais fragilizados, carregamos feridas fundas que ainda não cicatrizaram e o medo ainda permanece enraizado em nossas veias, mas devemos encarar isso como parte de nosso passado, mesmo que tenhamos perdido pessoas importantes, elas estarão sempre dentro de nós, como parte boa.” (trecho extraído do livro Marcas do Passado – pág. 281)

Existem livros que de tão interessantes, nos fazem devorar suas páginas e consumir a narrativa com uma ansiedade obstinada em descobrir rapidamente, todos os mistérios que cercam seu enredo e Marcas do Passado, não é este tipo de livro.

H. R. Freitas escreveu uma obra que transcende o interesse do leitor, ela nos agarra e domina através de cada capítulo, criando um vínculo de encantamento, que faz com degustemos seu livro e apreciemos cada detalhe. Impossível também não mencionar, a incrível trilha sonora que ela nos indica ao longo do livro e que eu sugiro que ouçam, principalmente Hear you me da banda americana Jimmy Eat World, coloquei um vídeo de uma apresentação deles no final deste post.

Assim, cada página que eu virava me causava um certo sentimento de angustia, pois isso significava que o final da leitura estava cada vez mais próximo e quando um livro me agrada tanto assim, meu desejo é que ele dure o máximo possível.

SINOPSE: O que era para ser uma noite de comemoração, acabou em tragédia!
Após o baile de formatura, alguns adolescentes furtaram um ônibus escolar com o intuito de passear pelas ruas. Mas por um infortúnio do destino os jovens acabaram se envolvendo em um terrível acidente, que causara a morte de vários deles, chocando a cidade de Bales no ano de 2002.
Uma das sobreviventes do acidente é Samantha Donnovan, mas ela não havia escapado tão ilesa assim, o desastre havia levado sua memória após sofrer um traumatismo craniano e lhe tirava o sono com pesadelos, borrões e imagens distorcidas do dia do desastre, o que a fez passar dois anos em um Instituto para se recuperar.
De volta para casa, ela tenta ligar fragmentos de lembranças e acontecimentos anteriores para buscar descobrir o que de fato aconteceu e porque todos lhe escondem a verdade.
Algumas coisas são bem melhores quando estão enterradas, junto daqueles que se foram…

Narrado em primeira pessoa, acompanhamos a adolescente Samantha na busca por tentar lembrar e compreender seus traumas do passado e descobrir o motivo de algumas pessoas a considerarem culpada pelo acidente, além de outros acontecimentos misteriosos que a atormentam ao longo do livro. Para nos auxiliar nesta jornada, a autora alterna capítulos do passado com outros do presente, o que torna a leitura muito instigante, mas sendo necessário ler cada mudança de tempo com muita atenção, para não se perder nos fatos.

A construção dos personagens é muito bem estruturada a ponto de nos sentirmos ligados a todos, como se também fizéssemos parte da cidade de Bales e todas as tragédias que ali ocorreram. Temas relevantes não apenas para o universo jovem mas para a sociedade como um todo, são abordados em Marcas do Passado como por exemplo: bullying; violência; problemas familiares; suicídio; Transtorno de Personalidade Bordeline, entre outros.

Lançado em 2020 pela Peculiar Editora, o livro apresenta um belíssimo trabalho de acabamento gráfico, com uma linda arte de capa que dispensa mais elogios (porém confesso que senti falta de um óculos na moça ruiva, característica da personagem principal Samantha), uma diagramação bem elaborada, com adornos que dividiam a narrativa, além da harmoniosa estética utilizada na abertura de cada capítulo e assim como as outras obras da editora, esta também foi impressa em páginas amareladas que tornam a leitura bastante confortável aos olhos.

O único aspecto da obra que precisa ser aprimorado é a revisão, uma vez que existem erros de digitação, concordância verbal, de tempo, termos repetitivos e incoerências em alguns trechos que atrapalham a coesão textual. Tais pontos não depreciam a criatividade da autora, porém as correções são necessárias para elevar a qualidade da narrativa e conquistar mais leitores.

H R FREITAS nasceu em 1993 em Juazeiro do Norte no Ceará, cidade onde reside. Atualmente trabalha como Auxiliar de contabilidade e é apaixonada por livros e gatos. É casada e tem um Bookstagram onde divide sua paixão por livros com outros leitores. Suas primeiras obras a serem publicadas são Marcas do Passado e Realeza por Acaso, que está em processo de edição. Participou também da Antologia Floresta Negra com os contos ” A Floresta do fim” e “Resta Um” publicada pela Peculiar Editora.

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