Sempre me interessei muito por livros nos quais o contexto histórico, tivesse como pano de fundo o período da 2.ª Guerra Mundial. E destas obras, uma que li ainda muito jovem e me emocionei bastante, foi O Diário de Anne Frank. Anos mais tarde, ao revisitar o livro para fazer um trabalho da faculdade, me emocionou da mesma forma de anos atrás.
Esta semana, enquanto eu terminava de organizar meus livros (finalmente consegui tirá-los das caixas para um local adequado 😊💖) ao encontrar este livro, já o deixei separado para poder compartilhar com vocês. Sei que muitas pessoas o conhecem, mas que também existem inúmeras outras, que ainda não o leram.
O livro conta a história da garota judia Anne Frank que em 12 de junho de 1942, ganha de presente de aniversário um diário e passa a relatar sua rotina, seus sentimentos e pensamentos. Entretanto, este período comum na vida da jovem é brutalmente alterado pela guerra e suas leis antissemitas contra os judeus, os quais começaram a sofrer várias proibições que não lhes permitiam entre outras coisas: andar de carro e de transporte público; sair às ruas depois das oito da noite; ficar no quintal ou na varanda de suas casas; frequentar lugares de lazer, visitar os que eram cristãos, etc.
Com estes impedimentos, Otto Frank, pai de Anne, preocupado com o rumo que a situação poderia alcançar, decide levar a família para viver em um esconderijo localizado em um anexo secreto de seu escritório. Então, em 9 de julho de 1942, Anne sua mãe Editt e sua irmã Margot abandonam o lar e vão para o esconderijo. Durante o período em que viveram reclusos, a família foi auxiliada por alguns amigos que eram funcionários do escritório:
Papai não tinha muita gente trabalhando no escritório, só o Sr. Kugler, o Sr. Kleiman, Miep e uma datilografa de 23 anos que se chamava Bep Voskuijl, e todos estavam informados de nossa ida. (trecho do diário)
A difícil adaptação a uma vida de limitações, o complicado convívio em meio a um clima constantemente tenso, as transformações sofridas por cada um e a angústia dos dias que se passavam cobertos de medo, uma vez que a cada barulho diferente todos temiam serem encontrados pelos nazistas e mortos a tiros, são temas recorrentes nas páginas do diário.
Em 13 de julho de 1942, mais moradores chegam ao esconderijo: o Sr. Hermann van Daan (nome verdadeiro Hermann van Pels), Petronella van Dan (Auguste van Pels) e Peter van Dan (Peter van Pels). E no dia 17 de novembro de 1942, o anexo recebe seu último morador: o dentista Albert Dussel (que, na verdade se chamava Fritz Pfeffer).
Em várias passagens do diário é possível notar que Anne Frank tem uma personalidade forte e difícil, repleta de crises temperamentais e existenciais comuns a qualquer adolescente de dua idade. Todavia aos poucos ela alcança um grande amadurecimento e pautada em uma fé que não cessa, sempre constrói perspectivas para o futuro fora do esconderijo.
Para mim, é praticamente impossível construir a vida sobre um alicerce de caos, sofrimento e morte. Vejo o mundo se transformado aos poucos em numa selva, ouço o trovão que se aproxima e que, um dia, irá nos destruir também, sinto o sofrimento de milhões. E, mesmo assim, quando olho para o céu, sito de algum modo que tudo mudará para melhor, que a crueldade também terminará, que a paz e a tranquilidade voltarão. Enquanto isso, devo me agarrar aos meus ideais. Talvez chegue o dia em possa realizá-los! (trecho do diário)
Entretanto, suas expectativas não se concretizam, pois, infelizmente os nazistas descobrem o anexo secreto e todos seus moradores são levados para uma prisão holandesa e posteriormente para o campo Westerbork de triagem de judeus, até serem transferidos para Auschwitz. Anne Frank morreu de tifo, durante o inverno de 1945 aos quinze anos, no campo de concentração de Bergen-Belsen, local para onde fora enviada com sua irmã Margot.
O Diário de Anne Frank é um fiel, verídico e emocionante relato de um dos períodos mais tristes, vergonhosos, cruéis e degradantes da história da humanidade, através do olhar e das sinceras palavras permeadas de emoção de uma jovem que teve sua vida interrompida bruscamente em consequência das atitudes e ideias insanas e bárbaras de Adolf Hitler.