Resenha: Quarto – Emma Donoghue
Título original: Room
Autora: Emma Donoghue
N. ° páginas: 349
Editora: Verus
Enquanto que para Joy o quarto é seu cativeiro ao longo de 7 anos (ela fora sequestrada quando ainda era uma adolescente), para Jack ele é seu lar e o que existe além daquelas paredes é o espaço sideral, ou seja, o mundo como conhecemos não existe para ele. Esta foi a forma criativa e carinhosa inventada por sua mãe para fazer com que ele tivesse uma vida “normal” e não percebesse a terrível realidade na qual estavam inseridos.
Apesar de me encantar com o trailer, demorei algum tempo para finalmente ter coragem de assistir ao filme e em seguida ler o livro, pois temas como sequestro, cativeiro e estupro sempre me impactaram muito, acredito que pelo fato de eu ser mulher e ficar imaginando “e se fosse comigo o que eu faria? ” Ter essa empatia com o sofrimento do outro seja ele real ou fictício é bom por um lado, pois eu realmente entro naquele mundo abordado no livro e me coloco na pele de seus personagens, porém também é ruim, pois carrego uma carga emocional muito profunda durante a leitura e se for uma história muito triste e dramática, fico ansiosa e sofro muito com todos os personagens e acontecimentos.
“…Você andava toda triste até eu acontecer na sua barriga.– Falou e disse.A Mãe se inclinou pra fora da cama para acender o Abajur, que faz tudo clarear, zás.Fechei os olhos bem na hora, aí abri uma frestinha de um, depois os dois.– Eu chorava até não ter mais lágrimas – ela me contou. – Só fazia ficar deitada aqui, contando os segundos. ”
“ O Lá Fora tem tudo. Agora toda vez que eu penso numa coisa, como esquis ou fogos de artifício ou ilhas ou elevadores ou ioiôs, tenho que lembrar que eles são reais, acontecem todos juntos de verdade no Lá Fora. Isso deixa minha cabeça cansada. E as pessoas também, bombeiros, professores, ladrões, bebês, santos, jogadores de futebol e gente de todo tipo, eles estão mesmo no Lá Fora. Mas eu não estou lá, eu e a Mãe, nós somos os únicos que não estão lá. Será que ainda somos reais? ”
Enfim, Quarto é um livro surpreendente não apenas pela forma da narrativa inovadora, ou como a autora conduz os acontecimentos, mas principalmente pela montanha russa de sentimentos que ele nos causa. A obra me abalou tanto que foi a primeira vez que senti uma profunda e imensa nostalgia ao dar adeus a um personagem infantil. Jack me despertou o amor materno, era como se ele fosse meu filho e eu o estivesse abandonando ao terminar a leitura do livro.
4 Comments
Valdemir Martins
29 de junho de 2016 at 15:53
Muito bom. Vi o trailer há algum tempo e só. Agora você conseguiu me despertar para o filme e principalmente para o livro. Vou ler, com certeza. Depois comento contigo.
Idianara Lira
29 de junho de 2016 at 18:44
Olá Sr. Valdemir! Obrigada por acompanhar o blog! É uma alegria saber que consegui deixá-lo curioso para ler o livro e ver o filme. Espero que goste! Um grande Abraço!
RÔMULO VIANA
1 de julho de 2016 at 09:23
OLá Idianara. Gostei muito do seu modo de escrita da resenha. Parece que vc está conversando de frente com o leitor. Parabéns, minha caríssima.
Idianara Lira
2 de julho de 2016 at 23:29
Olá Rômulo!Fico muito contente meu caro em saber que gostou da resenha e também muito feliz e grata por você sempre acompanhar o blog e opinar. Um grande abraço!!