Segunda Poética: Artista Esquecido – Marcelo Gaspar

Idianara Lira

Artista Esquecido

Hoje não terá poemas
Não terá melodia
Não terá samba
Não terá ironia

É uma pena
O lirismo estava de luto
Estrofes
Quem é que tem?

Não somos carne pulsante de ninguém
Hoje a poesia se encolheu

Sabe-se lá qual sua tristeza
Que ficou malformada na garganta

Sabe-se lá quem caminha com destreza
Na noite que nos apanha
Que nos gera espanto

Na parede uma pequena aranha
No outro canto do quarto
A escrivaninha sempre de canto

Me despeço, poesia
Chega trêmulo o dia
A voz gagueja
Um caminhar vagaroso
Cruzando as ruas
Ressoando canções

Hoje é um quadro
De artista esquecido
Abandonado num quarto
De intenso porvir

(Marcelo Gaspar)

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MARCELO GASPAR nasceu em Iraquara [1983] – BA, mas armou as trincheiras na capital de São Paulo. Escreve poesia e scripts computacionais entre uma xícara de chá de camomila, latão de cerveja e cloridrato de paroxetina. Amante dos recantos culturais da América Latina e das produções surrealistas: de Buñuel à Louis Aragon. Participou de várias antologias de poesias e contos, publicou textos em revistas eletrônicas dedicadas à literatura e em 2017 publicou seu primeiro livro de poesias: A noite continua num gole de cerveja. 

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