Segunda Poética: Depois da Chuva e do Vento – Ruy Espinheira Filho

Idianara Lira

Em março, a Segunda Poética homenageia Ruy Espinheira Filho, poeta baiano de escrita simples e profunda. Sua poesia, marcada pela força da memória, reafirma seu lugar entre os grandes nomes da lírica contemporânea brasileira. O poema a seguir reflete um olhar sobre a natureza e a passagem do tempo, trazendo memórias, rostos e reflexos do passado. No fim, resta o desejo de descanso com um toque de melancolia, mas também de aceitação.

Depois da Chuva e do Vento

Depois da chuva e do vento,
saiu à varanda e olhou as árvores,
que pareciam cansadas mas felizes
cintilando ao luar,

e pensou em outras árvores,
e numa rua, e num cão, e em rostos
jovens,
e num espelho antigo com o seu próprio rosto
refletido,

e voltou à casa
e
fechou a porta,

e caminhou até o quarto
e se estendeu na cama cheio de esperanças
de dormir,

porque, afinal, já era muito tarde.

(Filho, Ruy Espinheira. Coleção Melhores Poemas. São Paulo. Global Editora. 2011. pág. 239.)

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RUY ESPINHEIRA FILHO, nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. Jornalista, mestre em Ciências Sociais, doutor em Letras e professor do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia.
Dono de uma linguagem da maior simplicidade, Ruy Espinheira Filho é o continuador direto dessa espécie de dicção brasileira na poesia nascida com Manuel Bandeira, Mário de Andrade e outros mais. Uma poesia duradora, como a memória, que já há muito o caracteriza como um dos grandes poetas líricos da poesia contemporânea brasileira.

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