Segunda Poética: Destino e Fuga – Ruy Espinheira Filho

Idianara Lira

Em março, a Segunda Poética homenageia Ruy Espinheira Filho, poeta baiano de escrita simples e profunda. Sua poesia, marcada pela força da memória, reafirma seu lugar entre os grandes nomes da lírica contemporânea brasileira. O poema a seguir reflete sobre nossa relação com o tempo e a identidade. Mostra como o futuro carrega ecos do passado e como tentamos nos reconstruir a partir da memória. No fim, não há como fugir: somos feitos do que já vivemos.

Destino e Fuga – Ruy Espinheira Filho

Para onde vamos é sempre ontem.
                                                        Lá
(que é vário) ponderamos os nossos gestos
buscando
modular outros tão belos. E inúmeras
são as vezes em que nos inclinamos
sobre a fonte
que não reflete:
                          mostra
o límpido rosto do nosso
rosto que já não nos fita dos espelhos.

Para onde vamos é sempre ontem. Como
de onde fugimos é sempre
                                           amanhã.

(Filho, Ruy Espinheira. Coleção Melhores Poemas. São Paulo. Global Editora. 2011. pág. 109.)

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RUY ESPINHEIRA FILHO, nasceu em Salvador, Bahia, em 1942. Jornalista, mestre em Ciências Sociais, doutor em Letras e professor do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia.
Dono de uma linguagem da maior simplicidade, Ruy Espinheira Filho é o continuador direto dessa espécie de dicção brasileira na poesia nascida com Manuel Bandeira, Mário de Andrade e outros mais. Uma poesia duradora, como a memória, que já há muito o caracteriza como um dos grandes poetas líricos da poesia contemporânea brasileira.

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