Resenha de série: Dark – A questão não é onde. Mas quando.

Idianara Lira

A diferença entre passado, presente e futuro, é somente uma persistente ilusão. 

(Albert Einstein)


Quando assisti ao trailer da série Dark, produção alemã da Netflix lançada em dezembro de 2017, fui mordida automaticamente pelo bichinho da curiosidade e fiquei louca para maratonar o quanto antes seus 10 episódios. Envolta em inúmeros mistérios a série é ambientada na fictícia e sombria cidade de Winden, local com vários kilômetros de florestas e onde seus moradores (todos detentores de um austero semblante), vivem em torno de uma usina nuclear que após seu funcionamento por quase 60 anos, está para ser desativada. 

 
Inicialmente o ano da narrativa é 2019, e de cara o primeiro episódio intitulado de “Segredos” não perde tempo em mostrar ao que veio: somos apresentados a um suicídio com carta de despedida que especifica a data e o horário na qual deve ser aberta; traição; o desaparecimento do estudante Erik Obendorf, fato este que lembra outro desaparecimento ocorrido 33 anos antes; um senhor “aparentemente” senil em um asilo, um adolescente preso em um quarto colorido e estranho e o desaparecimento do garoto Mikkel Nielsen, quando este passeava na floresta com o irmão e amigos próximo a uma caverna. Estes são os contextos enigmáticos existentes já neste primeiro episódio o que nos leva a sinopse da própria Netflix:
 

Quatro famílias iniciam uma desesperada busca por respostas, quando uma criança desaparece e um complexo mistério envolvendo três gerações começa a se revelar.


Assim, após estes acontecimentos iniciais, caminharemos entre os desdobramentos da série através principalmente de Jonas Kahnwald, filho do suicida e Ulrich Nielsen, policial e pai do garoto que desapareceu próximo a caverna. Enquanto buscam a verdade sobre os acontecimentos terríveis que afetaram suas vidas, Jonas e Ulrich descobrem que de forma complexa todos estes fatos ruins estão conectados e que o passado, presente e futuro da cidade e de todos seus habitantes está interligada de forma surpreendente.


Desta forma, a viagem no tempo, um dos assuntos mais cultuados e apreciados por quem curte ficção cientifica e cultura pop, está profundamente presente na série, fascinando todos aqueles que decidem  se entregar as incógnitas que permeiam a vida de todos os personagens.

Acreditamos que o tempo decorre de forma linear. Que ele avança uniformemente, para sempre.Até o infinito. Mas a diferença entre passado, presente e futuro não passa de uma ilusão. O ontem, o hoje e o amanhã não são consecutivos, mas estão conectados em um círculo infinito. Tudo está conectado.


Com tantas adversidades acontecendo ao mesmo tempo, em núcleos familiares e tempos distintos, torna-se muito fácil não entender a narrativa, ou não conseguir acompanhar quem é quem, ou quais são seus problemas. É necessário prestar muita atenção, pois do contrário acabamos perdidos no labirinto de situações que a série aborda ou não enxergamos as dicas que estão presentes desde o começo da série.

É impossível falar de Dark e de seu roteiro que nos deixa curiosos do começo ao fim com tanto suspense e não mencionar também todo o cuidado com a elaboração da produção. Ambientações, vestuário, comportamentos, fotografia, enfim, tudo obedece de maneira primorosa o tempo no qual a ação está ocorrendo. Outra característica marcante é a trilha sonora da série, que conta com músicos alemães até canções famosas contemporâneas ou da década de 80, conforme a necessidade de nos imergir na história.

Como apaixonada que sou por suspense, mistério, uma pitadinha de sobrenatural (ou a possibilidade deste), apesar de achar alguns episódios um pouco lentos, sinceramente eu adorei a série e suas nuances. Pois ela nos faz pensar o tempo todo, tentando montar um quebra cabeça que continuará não finalizado mesmo após assistir todos os episódios da 1.ª temporada.

Fiquem a seguir com o trailer legendado da primeira temporada:




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