Segunda Poética: “Deixa-me seguir para o mar” – Mário Quintana
Tenta esquecer-me… Ser lembrado é como
evocar-se um fantasma… Deixa-me ser
o que sou, o que sempre fui, um rio que vai fluindo…
Em vão, em minhas margens cantarão as horas,
me recamarei de estrelas como um manto real,
me bordarei de nuvens e de asas,
às vezes virão em mim as crianças banhar-se…
Um espelho não guarda as coisas refletidas!
E o meu destino é seguir… é seguir para o Mar, as imagens perdendo no caminho…
Deixa-me fluir, passar, cantar…
toda a tristeza dos rios é não poderem parar!