Lançamento: poeta Tuca Silveira lança plaquete de poemas gratuito

Idianara Lira

O poeta Tuca Silveira lançou recentemente uma plaquete gratuita intitulada Visceral Rio com cinco poemas de sua autoria. Através de versos livres, os textos do autor fluem em uma cadência impossível de não encantar até os leitores menos entusiastas da linguagem lírica, afinal, é de fácil compreensão, porém profundamente impregnada de sentimentos.

A seguir, compartilho com vocês um dos poemas do autor, que foi publicado na Revista de Literatura Luso-Brasileira, Subversa:


O mundo não foi feito para quem se importa demais

Se eu morrer, digam meu nome.

Atestem incontáveis vezes
como eu bem-quis
como eu malquis
como me rendi
como me feri.

Se eu morrer, digam meu nome.

Digam o quanto perambulei
o quanto recuei
o quanto bem analisei.
Digam o quanto me embebedei
o quanto vivi à gota d’água
e o quanto transbordei.

Se eu morrer, podem bendizer meu nome.
Ou podem maldizê-lo, igualmente.

Digam aos desafetos
que não sintam raiva de mim
porque sofri tanto quanto me desejaram.
E digam aos aliados
que não sintam pena de mim
porque me alegrei tanto quanto me desejaram.

Mas só peço: se eu morrer,
que carreguem meu nome para si.

Para o bem, para o mal,
devemos digerir o peso preciso
do que nos é preparado.
Devemos cumprir, com perfeição,
a candura e a malícia do que nos é circundado.
Nos imaginamos em placas e estátuas,
exagerando nossas benfeitorias,
bem como nos reparamos
hediondos e perversos infratores,
degustando nossas transgressões com histeria.

Quando digo meu nome,
rememoro que quase sucumbi-me em excesso,
que quase exultei-me em excesso.
E que, com isso, a estrada parecia findar antes
o combustível parecia findar antes
o freio parecia falhar antes.

Se eu morrer, digam meu nome,
para que não padeçam com ficções a mais:
o mundo não foi feito
para quem se importa demais.

Para fazer o download da plaquete Visceral Rio, clique aqui

 
TUCA SILVEIRA é poeta e compositor carioca. Apaixonado pelos modernistas e por Machado de Assis, tem epifanias poéticas intermitentes – o que nem sempre serve para alguma coisa –, diálogos entusiasmados com sua cachorrinha e alguns poemas publicados. Vive entocado como engenheiro nas horas vagas.
 
 
E-mail: arthur.silveirasc@gmail.com
 

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